Nosso Lema

“Satyât nâsti paro Dharma”

quinta-feira, 28 de junho de 2012

AMOR, MEDIUNIDADE E SAÚDE

Fragmento do Curso Mediúnico 2004 - Apostila 16,
no Lar Espírita Servas de Maria

Tema: Fenomenologia Organica e Psiquica da Medunidade
Autor: Dr. Sergio Felipe de Oliveira


"(...)Temos observado que, nem sempre, a mediunidade manifesta-se na forma de fenômeno, ou seja, de estados de transe excepcionais, do tipo clarividência ou clariaudiência, por exemplo. Na maior parte das vezes, sobretudo no nosso cotidiano, o fenômeno mediúnico manifesta-se na forma de sintoma. No dia-a-dia,o que temos observado nas pessoas são alterações de comportamentos psicobiológicos, associados a alterações do estado de transe. Vamos tentar entender isso na anatomia do cérebro. Assim também, no caso da pineal, ela captaria o estímulo mediúnico, através de ondas magnéticas vindas do universo paralelo ou mundo espiritual, e esse estímulo seria enviado ao lobo frontal, que se incumbiria das conexões necessárias, a fim de que o indivíduo assumisse o domínio sobre esse intercâmbio, entre o seu universo mental e cerebral e o mundo espiritual.

Mas não é dessa forma que acontece, na maior parte das vezes. Por quê?

Pelo seguinte:
Para que você utilize o lobo frontal, usufrua de seus recursos, como elemento processador das captações mediúnicas, vindas da pineal, você precisa ter um treinamento, um desenvolvimento de sua estrutura psíquica.

Assim sendo, o indivíduo que desenvolve e alimenta dentro de si a transcendência, a capacidade de amar, de tolerar, de resolver problemas, expande essas áreas do lobo frontal. Sem essas qualidades psicológicas, não há desenvolvimento dessa importante região do seu cérebro.

Se não houver interesse pela transcendência, não há um processamento cognitivo da captação mediúnica.
Então o que acontece?
Essa captação vai ser drenada para áreas mais interiores do cérebro, mais primitivas, como a do hipotálamo. Desse modo, o indivíduo, fora do circuito da compreensão da sua capacidade de elaborar aquilo que absorve da Espiritualidade, não usa a percepção mediúnica, não se interessa em usufruir dos benefícios que ela pode oferecer. Como conseqüência, toda a captação realizada pela pineal é drenada para as estruturas adjacentes do córtex, mormente o hipotálamo.

O que ocorre, então?
No hipotálamo temos a sede dos comportamentos psicobiológicos, nele, estão as áreas da fome, da sexualidade, da agressividade e por ele transita o sistema reticular ativador ascendente (SARA), responsável pelo estado de sono e vigília. Assim, o fenômeno mediúnico pode trazer transtornos nessas áreas.

Ora veja, que coisa interessante!
Esses comportamentos, que são inerentes a essa área do cérebro, o hipotálamo, fazem parte do que poderíamos chamar de psicologia biológica. Não é preciso aprender, já se nasce sabendo dormir e acordar, já se tem instinto sexual e de preservação da vida, onde a fome está incluída. Do mesmo modo, já existem pulsões agressivas, seja para a coragem, que seria uma elaboração positiva da agressividade, seja para a irritabilidade.
Um bebê fica irritável, não é mesmo? Os estados depressivo e fóbico também são comuns, inclusive nos animais, assim como os estados agressivos violentos. Podemos ter, portanto, a auto-agressividade que é todo um processo psíquico de auto-anulação, que se expressa pela depressão ou fobia, e a heteroagressividade que é irritabilidade e violência.

Então o que acontece?
Se o indivíduo não usa a sua capacidade de transcendência, de fazer juízo de valor, de contatar esse universo paralelo que nos cerca, que é a espiritualidade, ele fica com o lobo frontal paralisado. A captação da pineal é, então, dirigida para o hipotálamo, potencializando esses comportamentos.

Que conceitos tiramos daí?
Que o fenômeno mediúnico nem sempre se manifesta na forma de fenômeno paranormal. Boa parte das vezes, expressa-se na exacerbação de sintomas.

Como é que isso se verifica?
Da seguinte forma: ondas magnéticas, que vêm da influência espiritual,são captadas pela pineal, como acontece no telefone celular, e essa energia é jogada para o hipotálamo, circula nesse território, atuando nas áreas responsáveis por esses comportamentos psicobiológicos, potencializando os seus efeitos. Com isso, o indivíduo pode ter uma fome incrível, que não se justifica por suas necessidades metabólicas, ou anorexia; alterações do sono: muita sonolência ou ausência dele;alterações do estado de humor: torna-se irritável, agressivo, depressivo, fóbico ou até mesmo violento; ou ainda ter problemas na área da sexualidade, sobretudo a dificuldade para formar vínculos.
Como essa interferência é externa, não vem de dentro do indivíduo, apenas este estabelece a pré-disposição, a sintonia para receber aquela influência, por similaridade ou ressonância, emitindo uma função de onda aliada a um padrão de comportamento que, por sua vez, vai se sintonizar com as ondas do espectro eletromagnético vindas da espiritualidade de mesmo padrão.
Assim, o indivíduo determina o padrão de onda que recebe, o tipo de comunicação mediúnica que chega até ele. Uma vez, porém, que é captada pela pineal, perde o controle da situação.
Esta é uma das características da fenomenologia mediúnica: o efeito superlativo sobre determinados aspectos que a pessoa focaliza dentro de si.

Há perda de controle. Por quê? Porque, naquele comportamento, está havendo a co-participação da entidade espiritual, que o está influenciando. Assim, no seu modo de proceder não detém responsabilidade exclusiva(...)"




Para concluir vejamos esse interessante trecho sobre amor e lobo frontal, pelo Dr Sergio:



Mais informações sobre Dr. Sergio:
www.uniespirito.com.br

terça-feira, 26 de junho de 2012

A PROPÓSITO DA RIO +20

Ecologia e Espiritismo

por André Trigueiro


É urgente que o movimento espírita absorva e contextualize, à luz da doutrina, os sucessivos relatórios científicos que denunciam a destruição sem precedentes dos recursos naturais não renováveis, no maior desastre ecológico de origem antrópica da história do planeta. Os atuais meios de produção e de consumo precipitaram a humanidade na direção de um impasse civilizatório, onde a maximização dos lucros tem justificado o uso insustentável dos mananciais de água doce, a desertificação do solo, o aquecimento global, a monumental produção de lixo, entre outros efeitos colaterais de um modelo de desenvolvimento “ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto”. Na pergunta 705 do Livro dos Espíritos, no capítulo que versa sobre a Lei de Conservação, Allan Kardec pergunta: “Porque nem sempre a terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?”, ao que a espiritualidade responde: “É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se” (...).
É evidente que em uma sociedade de consumo, nenhum de nós se contenta apenas com o necessário. A publicidade se encarrega de despertar apetites vorazes de consumo do não necessário - daquilo que é supérfluo, descartável, inessencial - renovando a cada nova campanha a promessa de felicidade que advém da posse de mais um objeto, seja um novo modelo de celular, um carro ou uma roupa. Para nós espíritas, é fundamental que o alerta contra o consumismo seja entendido como uma dupla proteção : ao meio ambiente - que não suporta as crescentes demandas de matéria-prima e energia da sociedade de consumo, onde a natureza é vista como um grande e inesgotável supermercado – e ao nosso espírito imortal, já que, segundo a doutrina espírita, uma das características predominantes dos mundos inferiores da Criação é justamente a atração pela matéria.

Nesse sentido, não há distinção entre consumismo e materialismo, e nossa invigilância poderá custar caro ao projeto evolutivo que desejamos encetar . Essa questão é tão crucial para o Espiritismo, que na pergunta 799 do Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta “de que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?”, a resposta é taxativa: “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade.(...)”

Uma das mais prestigiadas organizações não governamentais do mundo, o Worldwatch Institute, com sede em Washington, divulga anualmente o relatório “Estado do Mundo”, uma grande compilação de dados e estudos científicos que revelam os estragos causados pelo atual modelo de desenvolvimento. Na última versão do relatório, referente ao ano de 2004, afirma-se que “o consumismo desenfreado é a maior ameaça à humanidade”. Os pesquisadores do Worldwatch denunciam que “altos níveis de obesidade e dívidas pessoais, menos tempo livre e meio ambiente danificado são sinais de que o consumo excessivo está diminuindo a qualidade de vida de muitas pessoas”.

 Aos espíritas que mantém uma atitude comodista diante do cenário descrito nessas breves linhas, escorados talvez na premissa determinista de que tudo se resolverá quando se completar a transição da Terra ( de mundo de expiações e de provas para mundo de regeneração) é bom lembrar do que disse Santo Agostinho no capítulo III do Evangelho Segundo o Espiritismo. Ao descrever o mundo de regeneração, Santo Agostinho diz que mesmo livre das paixões desordenadas, num clima de calma e repouso, a humanidade ainda estará sujeita “às vicissitudes de que não estão isentos senão os seres completamente desmaterializados; há ainda provas a suportar (...) e que “nesses mundos, o homem ainda é falível, e o Espírito do mal não perdeu , ali, completamente o seu império. Não avançar é recuar , e se não está firme no caminho do bem, pode voltar a cair nos mundos de expiação, onde o esperam novas e terríveis provas”. Ou seja, não há mágica no processo evolutivo: nós já somos os construtores do mundo de regeneração, e , se não corrigirmos o rumo na direção do desenvolvimento sustentável, prorrogaremos situações de desconforto já amplamente diagnosticadas. Não é possível, portanto, esperar a chegada do mundo de regeneração de braços cruzados. Até porque, sem os devidos méritos evolutivos, boa parte de nós deverá retornar à esse mundo pelas portas da reencarnação. Se ainda quisermos encontrar aqui estoques razoáveis de água doce, ar puro, terra fértil, menos lixo e um clima estável - sem os flagelos previstos pela queima crescente de petróleo, gás e carvão que agravam o efeito estufa – deveremos agir agora, sem perda de tempo.

 Depois que a ONU decretou que 2003 seria o ano internacional da água doce, os católicos não hesitaram em, pela primeira vez em 40 anos de Campanha da fraternidade, eleger um tema ecológico: “Água: fonte de vida”. Mais de 10 mil paróquias em todo o Brasil foram estimuladas a refletir sobre o desperdício, a poluição e o aspecto sagrado desse recurso fundamental à vida. E nós espíritas? O que fizemos, ou o que pretendemos fazer?

O grande Mahatma Gandhi - que afirmou certa vez que toda bela mensagem do cristianismo poderia ser resumida no sermão da montanha – nos serve de exemplo, quando diz “sejamos nós a mudança que nós queremos ver no mundo”.


 Fonte André Trigueiro (autor deste artigo)
Escritor, Jornalista e autor do livro  'Mundo Sustentável'
http://www.mundosustentavel.com.br/